Cooperação e associação econômica de mulheres kalungas na extração e venda de sementes e frutos do cerrado

um estudo na comunidade quilombola de Monte Alegre-GO

Palavras-chave: Associativismo, Cooperativismo, Comunidade Quilombola, Economia Quilombola, Extrativismo.

Resumo

Este estudo tem como objetivo analisar de quais formas a associação e/ou a cooperação podem ser úteis às mulheres kalungas de Monte Alegre na realização das atividades de extração e venda de sementes e frutos do cerrado no mercado.  Para tanto, empregou-se uma pesquisa de campo durante o mês de dezembro de 2020 junto a duas mulheres quilombolas, referências como extrativistas do local, de modo a se aplicar uma abordagem qualitativa na análise dos dados obtidos. Pela investigação identificou-se que a cooperação e a associação econômica de mulheres kalungas ainda não acontecem de modo informal ou formal nesta comunidade, contudo, existem aquelas quilombolas que realizam atividades voltadas para o extrativismo, de forma que praticam a extração e a venda direta de sementes e frutos do cerrado sem a existência de um sistema produtivo organizado. Assim, tanto as mulheres, quanto os demais membros da comunidade extrativista no quilombo enfrentam várias dificuldades no processo de extração dos frutos e das sementes do cerrado, bem como na comercialização dos seus produtos para os comércios locais. Nesse sentido, observou-se pela pesquisa que as práticas associativas não estão sendo devidamente utilizadas neste cenário principalmente pela carência de políticas públicas eficazes e inclusivas.

 

Biografia do Autor

Telma Ferreira Da Costa Teles, Universidade Estadual de Goiás

Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia da Universidade Estadual de Goiás.  E-mail: telmaferreira93@hotmail.com

Josélia Batista Dias de Souza, Universidade Federal de Catalão e Universidade Estadual de Goiás

Mestra em Gestão e Auditoria Ambiental (UNINI Puerto Rico, 2018) e Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Organizacional da Universidade Federal de Catalão (UFCAT). Administradora, graduada em administração pelo Centro Universitário de Goiás - Uni-Anhanguera (CUG, 2012). Atua com Consultoria e Instrutoria Empresarial e Acadêmica (DICIEA), como Docente Substituta na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e servidora municipal (SUS) na área de Atenção Básica. Atuou como tutora no campo de Administração no Instituto Federal de Tocantins (IFTO). Tem demais experiências no setor público e privado na área de administração/gestão. Especialista em Gestão Pública Municipal (UnB, 2019), em Gestão Pública (UFG, 2018) e em Finanças (UNESA, 2014). E-mail: joseliabd@gmail.com

Edson Arlindo Silva, Universidade Federal de Uberlândia e Universidade Federal e Catalão

Pós-Doutor em Administração (USP, 2018), Doutor em Administração (UFLA, 2009). Professor no Programa de Mestrado Profissional em Gestão Organizacional - Universidade Federal de Catalão (UFCAT). St. Universitário, Catalão - GO, CEP: 75705-220. E-mail: edsonarlindosilva@gmail.com

Referências

ABRANTES, J. Associativismo e Cooperativismo. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2004.

ANJOS, R.S.A.; CYPRIANO, A. (Orgs.). Quilombolas: tradições e cultura da resistência. São Paulo: Aori, 2006.

BAIOCCHI, D. N. Kalunga: Povo da Terra. Brasília: Ministério de Justiça, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, 1999.

BAIOCCHI, M. D. N. Kalunga: a sagrada terra. Revista da Faculdade de Direito da UFG, Goiânia, v. 19/20, n. n.1, p. 107-120, Jan/Dez 1996.

BRASIL. Constituição Federal do Brasil (1988). Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010, 104p.

BRASIL. Uma história do povo kalunga. Secretaria de Educação. Fundamental. Brasília: MEC; SEF, 2001, 120 p.

CÂNTIA, A.; BOLONI, L. Kalunga, uma remanescente de quilombo no sertão de Goiás. Rota Brasil Oeste, maio, 2004.

CARNEIRO, E. O Quilombo dos Palmares. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

COSTA, M. S. C.; OLIVEIRA, A. C. S.; FIGUEIREDO, R. J. L. Associativismo. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, 2013.

COSTA, V. S. A Luta pelo território: histórias e memórias do povo Kalunga. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação do Campo). Universidade de Brasília. Brasília: UnB, 2013.

DIEGUES, A. C. Repensando e recriando as formas de apropriação comum dos espaços e recursos naturais. In: DIEGUES, A. C.; MOREIRA, A. C. (org.). Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo: NUPAUB, USP, 2001.

DRUMMOND, J. A. A extração sustentável de produtos florestais na Amazônia brasileira: vantagens, obstáculos e perspectivas. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 6, p. 115 – 137, 1996.

EMPERAIRE, L.; LESCURE, J. P. A floresta em jogo: o extrativismo na Amazônia central. In: Emperaire, L. São Paulo: UNESP, 2000.

FARIAS, G. Cooperativismo. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia; Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria; Rede e-Tec Brasil, Pelotas, 2013.

FIGUEIREDO, N. T. C. Cooperativas Sociais: Alternativa para Inserção. Porto Alegre: Evangraf, 2009.

GODINHO. T. M. O Lugar Da Mulher No Quilombo Kalunga. Dissertação. Pontífica Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP. São Paulo: PUC, 2008, 156fls.

GIUSTINA, C. C. D. Degradação e conservação do cerrado: uma história ambiental do estado de Goiás. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. Brasília: UnB, 2013, 210 p.

HOMMA, A. K. O. A (ir)racionalidade do extrativismo vegetal como paradigma de desenvolvimento agrícola para a Amazônia. In: Costa, J. M. M. (Coord.). Amazônia: desenvolvimento ou retrocesso. Belém: CEJUP, 1992. p. 163-207.

INSTITUTO BRASILEIRO DE PESQUISA E ESTATÍSTICA (IBGE). Monte Alegre. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/go/monte-alegre-de-goias.html. Acesso em: 01 ago. 2020.

INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA (INCRA). Quilombolas, 2020. Disponível em: < http://www.incra.gov.br/pt/quilombolas >. Acesso em: 02 ago 2020.

LIMA, F. A. X.; VARGAS, L. P. Alternativas socioeconômicas para os agricultores familiares: o papel de uma associação agroecológica. Rev. Ceres, Viçosa, v. 62, n.2, p. 159-166, mar-abr, 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-737X201562020005

O’DWYER, E. C. Quilombos – identidade étnica e territorialidade. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2002.

PERET, B. O Quilombo dos Palmares. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2002.

PRATTES, C. M. Associativismo: o princípio do fortalecimento das profissões, 2013. Disponível em:< http://www.fiepr.org.br/sindicatos/sindirepapg/News3263content205461.shtml > Acesso em: 01 ago 2020.

REIS, J. J.; GOMES, F. S. (Orgs.). Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000.

SALOMON, A. V. A visão do associativismo. In: LENZI, F. C.; KIESEL, M. D. (Org). O empreendedor de visão. São Paulo: Atlas, 2009.

SANTOS, C. C. M.; CEBALLOS, Z. H. M. A importância do cooperativismo. 2006, 45 f. Tese (Doutorado). Curso de Ciências Sociais, Universidade do Vale do Paraíba/faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, Vale do Paraíba, 2006.

SANTANA, A. S.; SILVA, G. C; JORGE, H. S; LIMA, A. S. O papel do associativismo em uma comunidade quilombola e a importância do protagonismo juvenil no campo. In: Seminário Gepráxis, Vitória da Conquista – Bahia – Brasil, v. 7, n. 7, p. 5416-5426, maio, 2019.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL (SENAR). Associativismo, cooperativismo e sindicalismo. PRONATEC – Programa nacional de acesso ao ensino técnico e emprego. Rede ETec Brasil. SENAR, Brasília, 2015.

SILVA, M. T. G. O ofício do raizeiro: saberes e práticas integrativas em comunidades tradicionais quilombolas Kalunga [manuscrito]. Dissertação. Universidade Federal de Goiás. Goiânia: UFG, 2019, 191 f.

SILVEIRA, D. T.; CÓRDOVA, F. P. Unidade 2 – a pesquisa científica. In.: GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Coordenado pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009, p. 31-42.

SISTEMA FIEG. O que é Associativismo? Disponível em: http://www.fiepr.org.br/para-sindicatos/pda/o-que-e-associativismo-1-20743-320690.shtml. Acesso em: 01 out. 2020.

UNGARELLI, D. B. A comunidade Quilombola Kalunga do Engenho II: cultura, produção de alimentos e ecologia dos saberes. Dissertação. Universidade de Brasília. Brasília: UnB, 2009, 83p.

VIEIRA, A. B. D; MONTEIRO, P. S. Comunidade quilombola: análise do problema .persistente do acesso à saúde, sob o enfoque da Bioética de Intervenção. Saúde em Debate. Rio de Janeiro, v. 37, n. 99, p. 610-618, out/dez 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-11042013000400008

Publicado
2023-05-02
Seção
ARTIGOS